4 de jul. de 2011

“Não ardia nosso coração”…


“Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém.
Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. Então Jesus perguntou: ‘O que ides conversando pelo caminho?’ Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: ‘Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?’
Ele perguntou: ‘O que foi?’, Os discípulos responderam: ‘O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu’.
Então Jesus lhes disse: ‘Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória’?
E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele. Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: ‘Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!’ Jesus entrou para ficar com eles. Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía. Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. Então um disse ao outro: ‘Não estava ardendo o nosso coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?’
Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém onde encontraram os Onze reunidos com os outros.E estes confirmaram: ‘Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão’!
Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão”.
(Lc 4, 13-35)
 Esse Evangelho é realmente muito tocante, como é linda a narrativa daqueles discípulos que sairam de suas casas cheios de expectativas, cheios de sonhos e viram-se inundados pela decepção da morte de Jesus. Essa linda passagem, fala da humanidade desses discípulos, pois somos também como eles e podemos dentre tantas reflexões sublinhar duas que me tocaram muito:
Primeiro, que Jesus mesmo que não seja reconhecido por nós, se faz presente na caminhada, caminha conosco e nos escuta, é atencioso em ouvir o nosso lamento, nossa dor, nosso clamor, Ele primeiro ouviu o relato dos discípulos, escuta também o nosso, mesmo quando não o vemos, mesmo quando não entendemos ou sentimos sua presença…
Depois Jesus nos fala sobre a partilha, pois foi no momento da partilha do pão que os discípulos o reconheceram e foi esse gesto da partilha repetido por Jesus ao longo de sua vida, a partilha, a solidariedade, a justiça, abrirá os olhos do mundo para enxergarem a Jesus…
O caminho de Emaús é o caminho a nossa fé. Ela nos dá a certeza de que Cristo embora talvez mesmo não sendo “visto” ou “sentido” por muitos, caminha ao nosso lado e nunca nos abandona. Essa certeza será sempre maior à medida que nos deixamos iluminar por sua palavra e nos alimentarmos com a Eucaristia, sinal por excelência de partilha de solidariedade.

Uma ótima semana a todos

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